Saae se adapta para driblar fraudes e violações nos hidrômetros
quinta-feira, 14 de dezembro de 2017
Desde 2008, quando começou a computar as ocorrências relacionadas a intervenções irregulares realizadas pelos munícipes nos hidrômetros, com objetivo de alterar o seu funcionamento e diminuir os valores das contas mensais, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Sorocaba contabiliza, até este mês de dezembro, 11.340 registros de fraudes e violações nesses equipamentos que medem o volume de água consumido em cada uma das 220 mil ligações de água atualmente existentes no município. Atualmente, a média é de 95 ocorrências como essas por mês.
Para driblar as diversas modalidades de fraudes que surgem diariamente, a autarquia é obrigada a se adaptar, consultando os fabricantes e adquirindo um modelo de hidrômetro diferente a cada licitação realizada para a aquisição dos aparelhos, que melhor se adapte às inúmeras formas de violações, que além de se enquadrarem como crime também estão sujeitas a multas previstas no regulamento do Saae/Sorocaba.
“As pessoas precisam compreender que atitudes como essa podem até beneficiar o infrator de forma individual, pois com as fraudes e violações os valores das contas mensais diminuem, mas prejudicam a cidade como um todo, pois a autarquia investe alto para manter o sistema e se todos os contribuintes não pagarem o valor justo pelo volume de água que foi consumido, perdemos o poder de investimento para a manutenção, aperfeiçoamento e ampliação de toda a infraestrutura que possibilita a captação, adução, tratamento e distribuição de água, fato que reflete negativamente para toda a população”, destaca o diretor-geral da autarquia, Ronald Pereira da Silva.
De acordo com Antônio Mendes, chefe do Setor de Hidrometria e Pitometria da autarquia, “as pessoas tentam as mais variadas maneiras de violar e fraudar os hidrômetros, desde as mais discretas, como um pequeno furo na cúpula para a introdução de uma agulha, arame ou um clips para travar o mecanismo, até ações mais absurdas, como marteladas e fogo no hidrômetro para alterar o seu funcionamento”.
Especialização
Além de manter uma linha de comunicação com os fabricantes, para a aquisição de modelos de medidores que melhor se adaptem para coibir determinados tipos de fraudes, os funcionários do Setor de Hidrometria da autarquia tiveram de se especializar para detectar as fraudes mais elaboradas, aquelas que apenas visualmente é impossível perceber a violação.
Exemplo disso são as ações em que as pessoas retiram o hidrômetro do cavalete a fim de introduzir um arame no maquinário interno para travar as engrenagens; para inverter o seu posicionamento no cavalete de forma a medir o volume de água negativamente ou para desmontar o aparelho totalmente e retirar ou cortar parte da engrenagem do relógio, diminuindo assim o número de giros e alterando o volume real de água que passou pelo aparelho.
“Diante de todas essas modalidades de fraudes, ao longo dos últimos anos os fabricantes e o Saae/Sorocaba foram se adaptando, com o aperfeiçoamento dos hidrômetros visando dificultar essas ações, como por exemplo, ampliando a blindagem da cúpula e do corpo do aparelho, que antes eram apenas colados e agora são totalmente lacrados, fazendo com que seja impossível abrir o medidor sem que seja causado grande dano á sua estrutura”, explica Ronald Pereira.
Para os casos de cúpulas furadas visando introduzir agulhas, alfinetes ou arames, a solução foi a utilização de vidro no lugar do plástico resistente, “e mesmo assim temos casos em que as pessoas simplesmente destruíram a cúpula de vidro para travar o hidrômetro”, lembra o chefe da Hidrometria do Saae.
Por sua vez, as ocorrências de inversão do hidrômetro de posição no cavalete foram solucionadas com a fabricação de um aparelho que impede a passagem de água quando é invertido, o que reflete em interrupção do fornecimento de água no imóvel cujo morador praticou a fraude.
Indícios de fraudes
Há dez dias a autarquia deu início a mais uma etapa da sua ação de substituição do parque de hidrômetros da cidade, dentro do Programa de Controle e Redução de Perdas, instituído no começo deste ano em atendimento a um dos diversos itens do programa de governo do prefeito José Crespo para a Secretaria de Recursos Hídricos/Saae.
Para esta nova fase foi contratada uma empresa, por meio de processo de licitação, que vem operando com sete equipes nas ruas da cidade, trocando hidrômetros que tenham mais de cinco anos de uso ou que estejam parados, quebrados, com cúpula amarelada ou embaçada ou que apresentem fraudes e violações. A meta é substituir 2.500 hidrômetros por mês.
As ocorrências de fraudes e violações são detectadas pela autarquia de quatro formas: pelas equipes que estão realizando as substituições de hidrômetros; por meio dos leituristas que fazem a entregas das contas mensalmente e comunicam todos os tipos de alterações; pelo Setor de Fiscalização e pelas equipes do Saae nos serviços de manutenções diárias e pelo sistema de crítica interno, que aponta qualquer grande alteração de consumo em cada imóvel, seja para mais ou para menos.
Nesses casos, os hidrômetros com suspeitas passam por inspeção e testes de bancada pelos funcionários da Hidrometria e nos casos de confirmação o relatório é enviado para o Departamento da Receita da autarquia, para a emissão das multas.
De R$ 600 a R$ 3 mil
De acordo com o regulamento do Saae/Sorocaba, as multas por fraudes e violações em hidrômetros variam de acordo com a categoria de consumo, com os seguintes valores: residencial – R$ 652,00; comercial – R$ 2.180,00 e industrial – R$ 3.272,00.